SOBREVIVENTES DA COVID-19: DR. MARCELO FERREIRA

Nesta quarta-feira (31), faz um ano da morte do primeiro ouro-finense por COVID-19. Desde então, quase 1500 pessoas já se infectaram no município, com quase 1200 curados. 125 pessoas estão em isolamento domiciliar, 12 internados na Santa Casa e dois em UTI. O número de óbitos aumentou para 38. Há três semanas, vive-se um dos […]

Publicado em: 16 de abril de 2021

Nesta quarta-feira (31), faz um ano da morte do primeiro ouro-finense por COVID-19. Desde então, quase 1500 pessoas já se infectaram no município, com quase 1200 curados. 125 pessoas estão em isolamento domiciliar, 12 internados na Santa Casa e dois em UTI. O número de óbitos aumentou para 38. Há três semanas, vive-se um dos piores momentos da pandemia, com a Santa Casa e todos os hospitais da região registrando índices de internação altíssimos, em número superior a 100% das suas capacidades operacionais, sofrendo com o esgotamento das equipes, a escassez de dinheiro e até mesmo de insumos como medicação e oxigênio. Mesmo nesse cenário tão difícil e doloroso, também há notícias de superação, que nos dão a esperança de que com responsabilidade e determinação é possível construir dias melhores. Exemplo disso é o Dr. Marcelo Ferreira, que atuou por muitos anos como médico da Santa Casa Ouro Fino e travou uma batalha terrível contra a pandemia, chegando ao limiar da sobrevivência. Leia abaixo o seu relato:Nunca pensei que passaria por tantos desafios físicos, emocionais e de superação como os que eu enfrentei com essa doença. No início de setembro tive os primeiros sintomas gripais que foram leves como espirros, tosse seca e coriza. Nesse momento suspeitei que pudesse ser Covid-19 e afastei-me imediatamente dos compromissos profissionais e fui realizar os exames necessários para confirmação do diagnóstico como a tomografia computadorizada do tórax, que demonstrou um acometimento pulmonar característico da doença, e que até aquele momento era leve e o RT- PCR que também confirmou a minha suspeita.Com o passar dos dias a tosse foi aumentando e comecei a sentir falta de ar. Alguns dias depois, por volta do dia 13 de setembro, a falta de ar aumentou e precisei ser internado, aqui na Santa Casa Ouro Fino, para receber um tratamento adequado já que a doença havia avançado e seria necessário um tratamento com uso de máscara de oxigênio. Fui internado pelo Dr. Rodrigo Magaldi e muito bem acompanhado por ele e pela equipe médica que atende os pacientes de Covid-19 no hospital, o Dr. Alexandre Piovesan Mendonça e a Dra. Bárbara Lanna Francescon também me deram toda assistência necessária naquele momento. Mas com a piora do quadro clínico fui transferido para um hospital de maior suporte, pois a equipe médica da Santa Casa, começava a suspeitar que fosse necessário uma intubação. Então, no dia 16 de setembro, fui transferido para Pouso Alegre e recebido pela equipe do Dr. Daniel Beraldo, no Hospital Renascentista, que me acolheu muito bem também.Então, no dia 20, precisei ser intubado e a partir daí começou a fase mais crítica da doença, correndo um risco seríssimo de morrer. Permaneci 23 dias intubado, dias intermináveis, você perde a noção de tempo e espaço. Nessa fase mais crítica, meu filho, Dr. Raphael Ferreira, médico em Pouso Alegre, relatou que passei por muita instabilidade hemodinâmica, que são variações importantes e bruscas na pressão arterial e frequência cardíaca, o que levou a piora grave dos padrões respiratórios, dentre outras complicações que também frequentes em ambientes de UTI. Graças à Deus e a excelência do tratamento que recebi, superei esse momento difícil. Exatamente no dia 12 de outubro, dia de Nossa Senhora Aparecida, o meu quadro clínico começou a evoluir para a melhora.Quando passou a fase mais crítica dentro da UTI e após a extubação, fui levado para um apartamento e lá permaneci por mais uns 30 dias dentro do hospital sendo monitorando e recebendo todo o acompanhamento necessário que um paciente que fica intubado por muito tempo necessita, além de toda a equipe médica e enfermagem, recebi cuidados de fonoaudiólogos, fisioterapeutas e nutricionistas que são essenciais para a boa recuperação do paciente nas condições que eu me encontrava. Sentia muita dor muscular, nas articulações e devido a posição durante a minha permanência na UTI, formaram escaras, que são feridas, em algumas regiões do meu corpo, as quais foram muito doloridas também. Devido à intubação, tive que aprender a fazer tudo de novo, como me alimentar, andar, falar, e até mesmo a tomar banho, uma vitória a cada dia, mas nessa fase, sempre estive muito consciente, sabendo de tudo que acontecia ao meu redor.Recebi alta hospitalar no dia do meu aniversário de 70 anos, dia10 de novembro de 2020. Já em casa, os cuidados continuaram sendo os mesmos do hospital, com acompanhamento médico e de toda a equipe que citei acima. Meu quarto, em casa, virou uma autêntica enfermaria de hospital, pois ainda estava com a traqueostomia e me alimentando através de sonda nasogástrica. Perdi no mínimo uns 20 quilos. Com alimentação adequada e fisioterapia que ainda faço todos os dias, estou adquirindo massa muscular e voltando minha vida ao normal. Hoje estou muito próximo da normalidade e até já voltei a trabalhar no consultório, lógico que com algumas dificuldades físicas porque ainda continuo me recuperando. Agradeço às equipes da Santa Casa Ouro Fino, do Hospital Renascentista e a equipe que cuidou de mim em casa, comandada pelo Dr. Fabrício dos Anjos. E quando digo equipe falo de médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, nutricionistas, pessoal da cozinha, da limpeza, da ambulância, de todos os profissionais que dedicam sua vida a cuidar da saúde do outro. Agradeço à minha esposa que teve uma dedicação absoluta comigo e aos meus filhos, netos, minha nora e meu genro que também foram fundamentais nesse momento. Também quero agradecer aos amigos, familiares e pacientes que torceram e rezaram por minha recuperação. Fé, esperança e força de vontade foram fundamentais nesse período de recuperação que enfrentei e ainda enfrento.Espero que as pessoas continuem se cuidando, usando máscara, álcool em gel, evitando aglomerações. E que principalmente os mais jovens, entendam que as festas devem continuar em outro momento e que agora devemos deixar de lado as reuniões com os amigos em prol de um bem maior, que é a saúde de todos. Entendo que as pessoas precisem trabalhar, mas que tenham o máximo de cuidado possível e que evitem se aglomerar. A vacina já está aí e em breve todos estarão vacinados.

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